A história da arte é repleta de artistas brilhantes que deixaram um legado impactante em seus campos de atuação. Entre eles, destacam-se dois nomes fascinantes: George Bridgman e Leonardo Da Vinci.
Ambos têm em comum a paixão pela construção da máquina biológica que é o corpo humano. O fascínio e a inspiração que o corpo humano desperta são perenes, atravessando gerações e culturas.
Desenhar a anatomia e mergulhar nos detalhes minuciosos desse intrincado mecanismo é uma jornada extremamente prazerosa. Para mim, um artista sul-americano do século XXI, assim como os gregos no passado e os renascentistas. E também para jovens artistas americanos do século XX como o George Brandt Bridgman. Bridgman é uma fonte inesgotável de aprendizado.
A América, por sua vez, foi durante muito tempo o coração do mundo moderno, um farol de liberdade que inspirou povos oprimidos ao redor do globo a sonharem com a possibilidade de construírem um novo mundo. E ao longo do último século, a arte fermentada nesse caldeirão cultural que é a América do século XX, influenciou todas as manifestações artísticas do mundo.
No entanto, este texto tem um propósito ainda mais específico: criar uma analogia entre George Bridgman e Leonardo Da Vinci, que encontrei em meus próprios estudos e desejo compartilhar com meus alunos e o mundo.
Falaremos sobre o mestre Bridgman e exploraremos um de seus livros que será tema de um Webnário que realizarei.
George Brant Bridgman, (5 de novembro de 1864 - 16 de dezembro de 1943), foi um pintor, escritor e professor canadense-americano especializado em anatomia e desenho de figuras. Ao longo de sua carreira, Bridgman fez contribuições significativas para o campo da educação artística, especialmente no estudo da anatomia humana. Nascido em 1864 na Província Unida do Canadá, Bridgman começou sua trajetória artística estudando com o renomado pintor e escultor Jean-Léon Gérôme na École des Beaux-Arts de Paris.
Mais tarde, continuou seus estudos com Gustave Boulanger. Após se mudar para os Estados Unidos, Bridgman tornou-se uma figura proeminente na cena artística de Nova York. Por aproximadamente 45 anos, ele lecionou anatomia para artistas na Art Students League de Nova York.
A metodologia de ensino de Bridgman baseava-se no uso de formas em caixa para representar as principais massas do corpo, como a cabeça, o peito e a pélvis. Essas formas eram conectadas por linhas gestuais, criando cunhas simplificadas ou formas interconectadas dentro do corpo. Essa abordagem permitia que os alunos compreendessem as estruturas e proporções fundamentais da forma humana.
Além de seu trabalho na Art Students League, Bridgman também lecionou na Grand Central School of Art e na American Bank Note Company. Sua experiência e dedicação ao ensino atraíram muitos artistas aspirantes que buscavam dominar as complexidades do desenho de figuras e da anatomia.
George Bridgman, como professor na Art Students League de Nova York e em outras instituições, influenciou e inspirou diversos alunos que se tornaram artistas famosos e renomados, contribuindo significativamente para a história da arte americana.
Alguns desses alunos notáveis incluem Norman Rockwell, Andrew Loomis e até mesmo Jackson Pollock.
Norman Rockwell (1894-1978): Norman Rockwell foi um dos mais queridos e icônicos ilustradores e pintores americanos do século XX. Ele frequentou as aulas de Bridgman na Art Students League na década de 1910.
Rockwell era conhecido por suas ilustrações detalhadas e emocionais, muitas vezes retratando cenas da vida cotidiana e situações familiares.
Suas capas para a revista Saturday Evening Post tornaram-se especialmente populares, alcançando uma audiência ampla e diversa.
As obras de Rockwell capturavam o espírito da América e são lembradas por sua habilidade técnica e narrativa visual.
Andrew Loomis (1892-1959): Andrew Loomis foi um ilustrador prolífico e autor influente de livros sobre desenho e arte. Ele também estudou na Art Students League e provavelmente foi influenciado pelo ensinamento de Bridgman.
Loomis criou uma série de livros de instrução de arte altamente respeitados, como "Figure Drawing for All It's Worth" e "Creative Illustration". Esses são apenas alguns exemplos de alunos notáveis que foram influenciados indiretamente ou diretamente pelo trabalho de George Bridgman como professor.
Sua dedicação ao ensino da anatomia e do desenho de figuras deixou um legado duradouro e continua a inspirar gerações de artistas até os dias de hoje através de seus livros, que são considerados fontes valiosas de aprendizado para estudantes de arte e artistas profissionais. Ao longo de sua carreira, Bridgman escreveu e ilustrou uma série de livros que se tornaram clássicos no ensino da anatomia e do desenho de figuras.
Seus livros mais conhecidos incluem: "Constructive Anatomy": 1920 "Bridgman's Life Drawing": 1924 "The Book of a Hundred Hands": 1920 "Heads, Features and Faces":1932 “ The human Machine” 1939
Esses livros são apreciados não apenas pela riqueza de informações sobre anatomia, mas também pelas ilustrações detalhadas e acessíveis de Bridgman, que tornam o estudo da figura humana mais compreensível e prático.
Até hoje, os livros de George Bridgman continuam sendo usados como recursos valiosos em escolas de arte, cursos de desenho e por artistas que desejam aprimorar suas habilidades de representação do corpo humano.
Embora haja pouca informação disponível sobre a vida pessoal de Bridgman, sabe-se que ele tem esposa, filha e neta, conforme indicado pelas dedicatórias em seus livros. Ele morreu em Nova York em 1943, após mais de quarenta anos lecionando na Liga e foi sucedido na Art Students League de Nova York por um de seus alunos, Robert Beverly Hale .
O Norman Rockwell Museum em Stockbridge, MA, possui uma coleção significativa de desenhos anatômicos de Bridgman, que apareceram em suas publicações, bem como estudos de figuras em grande escala, que ele produziu para suas aulas.
Não posso afirmar com certeza se George Bridgman teve contato direto com os desenhos de anatomia de Leonardo Da Vinci. No entanto, é difícil imaginar que um amante do desenho da figura humana não tenha se deparado com a obra de outro mestre da área.
Acredito que Leonardo também ficaria fascinado pelas soluções gráficas incríveis que Bridgman criou. Em minha mente, parece que ambos os conhecimentos se complementam, formando uma sinergia poderosa.
Hoje, nós, artistas do século XXI, somos privilegiados por poder desfrutar do conhecimento desses dois mestres com apenas um clique de nossas mãos. Temos acesso a um vasto tesouro de informações e ensinamentos valiosos. No entanto, ter essas ferramentas ao alcance não é suficiente. O verdadeiro valor está em como as utilizamos.
Como professor de arte, acredito que é essencial transmitir aos meus alunos que apenas possuir os livros e folhear algumas páginas não é o bastante. Para absorvermos verdadeiramente o conhecimento desses mestres, precisamos colocar em prática suas técnicas.
É ao desenhar, ao colocar nossos traços no papel, que internalizamos e incorporamos essas lições preciosas. Assim, ao seguir o caminho trilhado pelos mestres, descobrimos joias ao longo da jornada. Mas, essas joias só alcançam seu verdadeiro valor quando as lapidamos com nosso esforço e nossa visão única.
Cada um de nós, artistas, possui uma perspectiva singular, um olhar próprio para o mundo e suas criações. É ao unir o conhecimento ancestral com nossa visão contemporânea que a verdadeira magia acontece.
Que possamos nos inspirar em George Bridgman, em Leonardo Da Vinci e em todos os grandes mestres que nos antecederam.
Que possamos aprender com eles, mas também trilhar nosso próprio caminho, expressando nossa arte é nossa essência de maneira autêntica.
Desenhar é mais do que colocar linhas no papel; é uma jornada de autodescoberta, de aprimoramento constante e de expressão de nossa própria alma.
Então, convido a todos a pegarem seus lápis e lapiseiras ou tablets, a folhearem os livros de Bridgman e Da Vinci, mas, acima de tudo, a praticarem, a desenharem, a explorarem! Pois é através do fazer, do criar, que nos tornamos verdadeiros artistas, conectados com a essência da arte e do mundo que nos cerca.
Que cada traço seja uma nova descoberta, uma oportunidade de crescer, evoluir e deixar a nossa marca na história da arte.
Vamos juntos, como aprendizes e mestres, em uma jornada de constante aprendizado e expressão.
Afinal, somos todos artistas, criadores da nossa própria narrativa visual no grande palco da vida.
Guilherme Raffide.
22/07/ 2023
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